Economia

Economia capixaba busca a recuperação

Estado viveu uma tempestade perfeita. Vários fatores se uniram para derrubar o bom desempenho local. Mas agora o Espírito Santo deve despontar no cenário nacional

Foto:Pixabay

Calcada na exportação de commodities e na força da indústria, a economia do Espírito Santo sofreu uma tempestade perfeita e alguns infortúnios nos últimos anos. Enquanto o país enfrentava uma crise econômica grave, o Estado viu os preços internacionais de seus principais bens, como minério e petróleo, despencarem, e sofreu uma crise hídrica de enormes proporções. Além disso, uma tragédia ambiental sem precedentes teve como consequência a paralisação das atividades de uma das indústrias mais dinâmicas do Sul, a Samarco.

Mas o cenário já começou a melhorar. Após uma queda de 12,2% em 2016, o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado retomou o fôlego em 2017, com variação positiva de 1,7%. Para 2018, especialistas apostam em mais um ano de recuperação. A tendência para este ano e para o próximo já é de crescimento moderado – o mercado prevê incremento de 1% a 2% no PIB capixaba, com volumes expressivos de investimentos, na casa dos R$ 50 bilhões, para os próximos cinco anos.

O economista do Banco Santander Rodolfo Margato projeta que, para o Espírito Santo, a perspectiva é de um avanço moderado, entre 1% e 2%.

Nosso cenário hoje de crescimento do PIB Brasil é de 2%. Considerando os Estados da Região Sudeste, temos expectativa de crescimento moderado para Espírito Santo e Minas Gerais, crescimento fraco (entre -1% e 1%) para Rio de Janeiro e forte para São Paulo, acima de 2%.
Rodolfo Margato, economista do Santander

A projeção, explica Margato, é baseada em dados de produção industrial, pesquisa de comércio, serviços e dados do mercado de trabalho.

“Vemos em 2018 um crescimento próximo da média do mercado de trabalho. Dados do IBGE do primeiro trimestre mostram a taxa de desocupação capixaba em 12,5%, bem próxima à média do Brasil, de 13%. Também tivemos crescimento de 5% na massa de rendimento real, nos últimos quatro trimestres, considerando até o primeiro trimestre de 2018”, observa o economista.

Para Margato, no entanto, o dado que indica crescimento moderado da economia capixaba é a produção industrial, especialmente a indústria extrativa. “No caso do Espírito Santo, a indústria extrativa tem peso grande, considerando o petróleo, o minério de ferro e as rochas ornamentais. Se analisarmos o crescimento entre janeiro e abril deste ano, comparado a janeiro a abril de 2017, há uma contração média de 3%. É o que explica boa parte do desempenho moderado do Estado em 2018”, pontua.

O economista observa, porém, que o quadro geral é favorável, especialmente por dados do mercado de trabalho. “Se a inflação seguir contida, juros em patamares baixos, com a premissa de continuidade dessa política econômica, o Espírito Santo será um dos Estados com crescimento mais forte nos próximos anos”, analisa.

A economista do Itaú Unibanco Paula Yamaguti também vê fragilidade na economia do Estado devido à produção industrial. “Tirando a parte de vendas do varejo, que já está aquecendo, outros indicadores, como produção industrial, serviços e empregos, estão um pouco mais fracos. A produção industrial está bem desaquecida, ainda patina. A única ressalva é a indústria de alimentos, que está aquecida.”

Apesar dos números, Paula observa que há uma tendência de recuperação da economia capixaba.

A indústria vinha desacelerando e agora está na zona de neutralidade. A parte de serviços já está até melhor que os demais Estados, e o comércio varejista também começa a se recuperar”, avalia ao apontar que a produção industrial no PIB do Estado tem um peso em torno de 40%. O comércio e os serviços, diz ela, respondem por 57% e a agropecuária, por 3% do PIB do Estado. 
Paula Yamaguti, economista do Itaú Unibanco

A perspectiva é positiva especialmente porque as diversas crises vêm sendo superadas, observa o economista Orlando Caliman. “O setor agropecuário começa a se recuperar da seca. O café arábica e o conilon já superaram. As safras dos dois serão melhores que em outros anos e isso injeta mais dinheiro na economia, especialmente no interior. As commodities estão se comportando bem, tanto celulose quanto petróleo e minério. E o Estado também já absorveu o impacto total da saída da Samarco do mercado. São fatores que afetam muito a economia, porque ela é fortemente ligada a esses setores”, avalia ao dizer que o Espírito Santo tem perspectivas de crescimento melhores que a média nacional. Tudo isso graças à robusta carteira de investimentos que o Estado deve receber nos próximos cinco anos.

Foto:Genildo

Compartilhe