Economia

Mais dinheiro, mais negócios

Dinheiro circulando nas cidades atrai novos investimentos

Foto:Pixabay

Um bom ambiente de negócios é aquele em que há recursos financeiros para as empresas se movimentarem e para as pessoas consumirem. Dessa forma, o acesso ao capital conta, e muito, entre os indicadores de atração de investimentos para os municípios.

Especialistas avaliam que a disponibilidade de recursos para investir no negócio, seja em sua fase inicial seja em momentos de crescimento, é determinante para o futuro de qualquer empresa. Além disso, para que os negócios possam deslanchar é preciso muito capital para suportar o crescimento.

Segundo o economista Mário Vasconcelos, esse acaba sendo um dos principais entraves ao abrir ou expandir uma empresa.

É algo que impacta desde os pequenos aos grandes investimentos. O custo de acessar o capital pesa na decisão, o que pode não variar tanto entre municípios, mas uma movimentação financeira forte na cidade é um sinal positivo.
Mário Vasconcelos, economista

Uma das formas de mostrar os municípios com mais acesso a capital são os dados reais da poupança interna e de operações de crédito, disponibilizados pelo Banco Central. A partir deles, é possível ter uma ideia das localidades capixabas com maior movimentação de dinheiro.

Um dos principais atrativos desse ponto, de acordo com o economista José Márcio Soares de Barros, é o potencial mercado consumidor que fica evidenciado com uma grande disponibilidade de recursos.

Uma boa movimentação financeira diz respeito, sobretudo, da renda daquela localidade. Geralmente, quando as empresas colocam algum tipo de negócio, elas procuram estar o mais próximo possível do mercado consumidor daquela mercadoria. E um local com grande renda e recursos financeiros disponíveis é um mercado cobiçadíssimo.
José Márcio Soares de Barros, economista

Olhando por setores da economia, o comércio e os serviços são os que mais analisam essa característica, segundo o economista Juliano César Gomes. “De pendendo da indústria, ela está mais focada em produzir para outros mercados. Mas o setor de comércio e serviços precisa daquele consumo local. Para quem vai investir nessa linha, como redes de supermercado, isso conta muito.”

Estar em municípios com boa possibilidade de vendas também afeta o custo logístico, pondera Barros. “Se a empresa já está próxima do público-alvo, terá um custo menor e ganhará tempo com distribuição e entregas”.

José Márcio ressalta que nas cidades onde há grandes volumes de poupança interna existem mais recursos para investir num novo negócio.

“O empreendedor para começar um negócio tem que estar capitalizado, porque vai colocar a empresa de pé e ainda precisa ter um capital de giro, para pagar os custos iniciais, pessoal e até aluguel. O capital é a raiz de qualquer empreendimento e também a alavanca dele para o crescimento”, explica o economista.

No Estado, o município com melhor acesso a capital é Montanha, segundo o Índice de Ambiente de Negócios, na categoria Acesso a Capital. A cidade da região Norte, que conta apenas com 19.391 habitantes, registra R$ 55,1 milhões em depósitos em poupança, segundo dados do Banco Central – é uma das maiores poupanças das cidades capixabas em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) municipal.

Para os especialistas, esse cenário se dá em função do agronegócio ser a atividade predominante do município.

“O investimento em poupança é o mais simples e rápido de fazer. Nessas cidades, em que os recursos financeiros ficam concentrados nas mãos do homem do campo, essa aplicação é muito comum. É uma maneira mais fácil para se guardar o dinheiro”, explica o economista Mário Vasconcelos, citando ainda as cidades de Santa Teresa e Iconha, que também possuem valores elevados de depósitos em poupança.

Em Montanha, a poupança interna do município é R$ 3,7 milhões e a cidade também se destaca nas operações de crédito. O saldo de empréstimos e financiamentos na cidade soma R$ 304,4 milhões.

A prefeita do município, Iracy Baltar, também atribui o bom resultado ao agronegócio. Ela afirma que os produtores passaram a tomar maiores valores de financiamento por vislumbrar bons cenários para o município e têm mais certeza de que conseguirão quitar o débito com a melhora no ambiente econômico.

“Não aumentou a quantidade de pedidos de créditos e, sim, o valor dos créditos. Isso significa que os agricultores e os pecuaristas voltaram a acreditar em Montanha, o que está ligado diretamente à administração e à expectativa de que o município está seguindo um caminho correto”, disse.

O economista Mário Vasconcelos também avalia que a tomada de crédito tem a confiança como pano de fundo. “Qualquer empresário precisa disso, seja a confiança no governo, com inflação e juros controlados, ou mesmo a confiança nas políticas estaduais e municipais que vão impactar o negócio”.

POUPANÇA

Além de Montanha, também se destacam em movimentação financeira os municípios de Presidente Kennedy, Vitória, Marilândia e Ecoporanga.

Presidente Kennedy, em função dos royalties de produção do petróleo, possui a maior poupança interna do Estado: R$ 62,3 milhões. Já as operações de crédito totalizam R$ 175,6 milhões.

A Capital, por sua vez, conta com o maior volume de depósitos em poupança, somando R$ 3,53 bilhões. A poupança interna de Vitória também é a segunda maior, com R$ 31,3 milhões. O município também é o campeão em total de operações de crédito, que totalizam R$ 9 bilhões.

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