Economia

Espírito Santo terá R$ 57,3 bi em investimentos

Principais projetos para o Espírito Santo são na área portuária. Mas também há grandes empreendimentos no setor de construção civil e geração de energia

Foto:Divulgação
Porto Central é o principal investimento visto como oportunidade para o Espírito Santo

O crescimento sustentável de todo o Espírito Santo está atrelado, inevitavelmente, a seu desenvolvimento regional. O Estado avançará se, de uma ponta a outra, houver políticas de indução. Para tanto, é necessário identificar vocações, qualificar mão de obra, investir. No mapa de investimentos, os dez maiores projetos estão distribuídos por Norte, Sul e Grande Vitória e devem injetar em torno de R$ 12 bilhões na economia capixaba até 2023. Ao todo, o Estado deve receber R$ 57,3 bilhões.

O maior volume de recursos – R$ 3,5 bilhões – está previsto para a construção do Porto Central, em Presidente Kennedy, no Litoral Sul, conforme dados do Caderno de Investimentos, produzido pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento (Sedes). A implantação dessa estrutura vai beneficiar não só o município, mas também a região e o Estado, uma vez que deverá atender a variados segmentos como o de petróleo e gás, minério, pedras ornamentais, indústria automobilística e agricultura.

Na outra ponta do território capixaba, o município de São Mateus tem a perspectiva de investimento do Porto Petrocity, com foco no setor petrolífero. Para esse projeto, são estimados R$ 2,1 bilhões, inclusive para a instalação de um estaleiro destinado a reparo de embarcações.

Ainda na área de construção, Vila Velha, na Região Metropolitana, vislumbra o primeiro condomínio resort de alto padrão e para o qual estão previstos R$ 430 milhões. Na esteira desses grandes investimentos, só para citar alguns, a cadeia produtiva se movimenta, gerando negócios, empregos e renda.

Uma iniciativa do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), integrante do Sistema Findes, também contribui para o processo de retomada da economia capixaba. Trata-se do Observatório da Indústria, uma produção que reúne dados e análises socioeconômicas que podem orientar tanto políticas públicas quanto investimentos privados.

O Estado não tem nada a dever ao interior da França, da Espanha. Temos o turismo agrícola, de aventura, tudo é potencial
Luiz Paulo Vellozo Lucas, presidente do IJSN

“A informação é um bem essencial, e percebemos a necessidade de organizar melhor as informações que havia para os empresários, para os governos, para a sociedade de maneira geral. São 12 fontes diferentes de dados, que produziram 70 indicadores e podem melhorar o ambiente de negócios, induzir a uma nova política pública, ou seja, favorecer o desenvolvimento econômico”, pontua Marcelo Saintive, diretor executivo do Ideies.

Entre outros dados, o Observatório da Indústria apresenta os perfis regionais do Estado, com informações sobre a população, finanças públicas, produção e emprego e as atividades econômicas predominantes. “Para saber como fazer um investimento, é necessário ter uma gama adicional de informações. Qual o empresário que não olha, por exemplo, para o capital humano de uma região? Acreditamos que esses dados permitem uma melhor tomada de decisão”, acrescenta.

NOVOS EQUIPAMENTOS

Empresas que já atuam no Estado também estão fazendo investimentos. A Garoto, por exemplo, vem promovendo mudanças no seu parque fabril, em Vila Velha. São adequações de infraestrutura em alguns setores e aquisição de novas máquinas, entre elas as que pretendem melhorar o trabalho de embalamento dos chocolates e aprimorar o processo de recheio dos bombons.

TURISMO

Outro segmento forte, e ainda com capacidade pouco explorada no Estado, é o do turismo. Mário Vasconcelos, economista e professor da Universidade Vila Velha (UVV), pondera que investir na área é uma estratégia para atenuar a dependência econômica das commodities (minério, petróleo, café). Ele conta que, em uma visita recente a Gramado, na Serra Gaúcha, surpreendeu-se como a região cresceu ao apostar no desenvolvimento turístico.

“Em 1990, não havia nada. Hoje, são mais de 500 hotéis, restaurantes. A cidade vive do turismo. Aqui, temos uma região de montanhas muito parecida e que já atrai turistas, mas onde pode haver maior profissionalização dos serviços. Esse segmento pode ser bem explorado, não polui e atrai pessoas com poder aquisitivo para gastar e movimentar a economia. Nosso empresariado tem que investir.”

Luiz Paulo Vellozo Lucas, do IJSN, também enxerga o setor com potencial para crescer e trazer mais desenvolvimento para o Estado. Em sua opinião, o Espírito Santo precisa se tornar efetivamente um destino turístico, e essa condição se viabiliza a partir da oferta de pacotes para regiões capixabas. “O turismo de pacote é o que dá escala para o destino turístico”, comenta. Estimular o consórcio entre prefeituras, com rotas específicas, e comercializar o produto pelo país é uma das alternativas.

Para o dirigente, o Estado vai crescer bastante com a implantação de aeroportos regionais (Linhares, São Mateus, Cachoeiro de Itapemirim), que vão contribuir para o desenvolvimento turístico no Norte e no Sul. “Além disso, os ativos ambientais, culturais e históricos do Espírito Santo são extraordinários e podem virar PIB. O Estado não tem nada a dever ao interior da França, da Espanha. Temos o turismo agrícola, de aventura, tudo é potencial”, sustenta.


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