Economia

Tecnologia tira sal da água do mar

Técnica de dessalinização permite economia de água durante processos industriais. Além de contribuir com o meio ambiente, iniciativa garante mais competitividade

Foto:ArcelorMittal/Divulgação
Planta industrial da ArcelorMittal, que está investindo na construção da maior indústria de dessalinização do Brasil

Palavra em evidência nos últimos anos para quem quer se manter forte no mercado, a inovação também faz parte dos processos da ArcelorMittal Tubarão. O vice-presidente comercial de Aços Planos ArcelorMittal, Eduardo Zanotti, reforça que em todos os cenários, mas principalmente diante de situações econômicas desafiadoras como as recentes, as empresas precisam buscar alternativas para garantir sustentabilidade ao negócio, com mais produtividade, menos custos e melhor atendimento.

“O uso da inovação é de extrema importância para que isso aconteça. Ciente disso, nossa empresa lançou seu Plano Diretor focado nesta nova era digital, proporcionando a aplicação dessas tecnologias e soluções de forma estruturada, criando uma Célula de Inovação para identificar e definir a estratégia para cada vertente tecnológica e para cada solução.”

Zanotti conta que há cerca de quatro anos a empresa implantou em Tubarão uma unidade do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, que tem lançado, mundialmente, inovações de produtos para os mais variados setores industriais, tais como automotivo, construção civil, máquinas agrícolas, energia e linha branca.

Entre os projetos, implementados com parceiros locais como universidades, entidades da área de tecnologia, laboratórios e clientes, está o que procura otimizar o uso do aço em todo tipo de construção e arquitetura, com foco em ganhos relacionados a economia, sustentabilidade, flexibilidade e criatividade.

“Também inovamos com a implantação de um projeto de dessalinização da água do mar, com prazo de conclusão em dois anos. Com investimento de aproximadamente R$ 50 milhões e 220 empregos gerados no pico da obra, o sistema produzirá até 500 metros cúbicos por hora de água industrial para o sistema da unidade, oferecendo uma importante fonte alternativa ao consumo de água doce do Rio Santa Maria da Vitória”, salienta Zanotti.

O vice-presidente diz que atualmente a água doce, que é fornecida pela Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), representa apenas 3,5% do que é consumido pela empresa e cerca de 97,8% dela é recirculada nos processos. “Apesar de ser uma tecnologia já existente, esta será a maior planta de dessalinização de água do mar do Brasil e a primeira do grupo ArcelorMittal no mundo”, valoriza.

Para este e os próximos anos, o grupo ArcelorMittal está expandindo as operações na unidade de Santa Catarina para aumentar a capacidade de produção de galvanizados e ampliar a linha de produtos, mas há investimentos também para o Espírito Santo, onde o foco principal é a gestão ambiental.

Recentemente foi anunciada a implantação de nova bateria de coque, em substituição à existente, e de um novo sistema de despoeiramento integrado do pátio de beneficiamento de coprodutos, com investimento total de R$ 574 milhões, já em curso.

“Além disso, a empresa anunciou investimentos, da ordem de mais de R$ 1 bilhão, em melhorias a serem implantadas em projetos de curto, médio e longo prazos (até 2023). São medidas que incluem controles dos pátios com barreiras de vento (wind fences); instalação de novos sistemas de despoeiramento (filtros de mangas); aplicação de tecnologias nas correias de transferência, incluindo enclausuramento e ampliação da aplicação de polímeros, entre outras”, relaciona Zanotti.

Todas as ações com foco em controle ambiental são acompanhadas pelos órgãos de fiscalização. A empresa ainda implementou um programa de conscientização ambiental voltado aos empregados, denominado Evoluir, que reúne todas as metas e diretrizes a serem implementadas ao longo dos próximos cinco anos.

A unidade de Cariacica da ArcelorMittal foi comprada há pouco mais de um ano pelo grupo mexicano Simec, um dos principais produtores de aços especiais do mundo, por exigência do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que estabeleceu essa condição para aprovar a compra da Votorantim Siderúrgica pela ArcelorMittal. A Simec preferiu não comentar sobre os desafios e projetos da empresa para este ano.


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