Infraestrutura

Duas novelas chegam ao fim

Obras que marcaram a história do Estado foram concluídas após décadas de atraso: a ampliação do porto e do aeroporto

O ano de 2018 ficará marcado na história da infraestrutura capixaba pelo fim de dois gargalos logísticos históricos.

Após 17 anos de promessas, foi inaugurado o novo Aeroporto de Vitória, com pista e terminal de passageiros ampliados. Essas mudanças elevaram a capacidade de transportar passageiros de 3,3 milhões ao ano para 8,4 milhões e aumentou as chances do Estado receber voos internacionais.

Outra novela que já dura 20 anos e está em seus capítulos finais é a dragagem do Porto de Vitória. As obras do canal de acesso foram finalizadas em outubro de 2017 e, agora, resta aguardar pela batimetria (medição do fundo), para a homologação da nova profundidade, prevista para o início do segundo semestre deste ano.

Foto:Genildo

As conquistas são comemoradas, mas o setor de comércio exterior pondera que ainda é preciso avançar muito. A atualização do layout do Porto de Vitória é importante, mas limitada – ainda não será possível receber no Estado os maiores navios do mundo. E outro obstáculo a ser superado é a duplicação das rodovias federais atrasadas.

O presidente do Sindicato do Comércio de Exportação e Importação do Espírito Santo (Sindiex), Marcilio Machado, avalia que os gargalos continuam os mesmos, mas que a tendência é que comecem a se resolver em um futuro próximo.

Com a convalidação dos incentivos fiscais, em dezembro de 2017 após uma reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), os benefícios já concedidos pelo governo do Estado ganharam um prazo de validade. Àqueles oferecidos para a indústria vão durar até 2032; para o comércio internacional, os incentivos vão ser mantidos até 2025; enquanto o comércio local terá os benefícios até 2022.

A ideia é que no médio e longo prazo o Estado fortaleça sua malha logística, para não perder competitividade com a retirada dos incentivos.

Os gargalos logísticos continuam os mesmos. Precisamos de um porto que possa receber navios maiores transportando contêineres e melhoria da infraestrutura rodoviária, como a execução das obras de duplicação da BR 101, que liga o ES aos principais Estados de destino de nossas cargas, como Rio de Janeiro e São Paulo.
Marcílio Machado

EXPECTATIVA

Ele conta ainda que o mercado tem uma expectativa grande em dois projetos que podem destravar estes gargalos. Um deles é o porto privado do grupo Imetame, em Barra do Riacho, em Aracruz, que permitirá que empresas capixabas possam realizar importações através de grandes embarcações. O segundo projeto se refere ao Porto Central, em Presidente Kennedy, também privado, que deverá seguir o modelo do porto de Roterdã, mas que irá exigir um volume maior de investimentos e cuja licença de instalação já foi concedida pelos órgãos ambientais.

“Esperamos que este porto já possa receber navios a partir de 2021. Portanto, é algo que deverá acontecer antes que os incentivos fiscais, que são instrumentos importantes para competitividade do Estado, sejam extintos. Grande parte do comércio exterior, algo em torno de 90%, é feito da na modalidade marítima. Portanto, sem portos adequados fica difícil competir com empresas que realizam seus negócios por meio de outros Estados. A grande vantagem do comércio exterior do Espírito Santo é que a região atraiu um agrupamento de empresas dotadas de pessoas com alto conhecimento no setor. A nossa vantagem competitiva é baseada no conhecimento e isso não é fácil de ser replicado. Porém, se os projetos de infraestrutura portuária demorarem a serem executados, pode ocorrer uma fuga de cérebros do Estado”, avalia.


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