Inovação

Um Estado em transformação

Setores tradicionais e empresas nativas digitais estão transformando os negócios capixabas, preparando o Espírito Santo para ser mais forte às oscilações mundiais e nacionais

Foto:Reprodução
O tema do Anuário Espírito Santo este ano é "Um Estado em transformação"

Em 15 anos, a economia brasileira já passou do pleno emprego para as filas de trabalhadores rodando o quarteirão à espera de uma vaga. Da produção industrial em alta a pátios cheios de automóveis sem perspectiva de vendas. Da alta do consumo à volta do país ao Mapa da Fome.

As oscilações em âmbito nacional atingem em cheio a economia no Estado, para o bem ou para o mal. Se no Brasil os indicadores estão positivos, por aqui a tendência é que sejam melhores. Mas, se o momento é ruim, no Espírito Santo o impacto negativo costuma ser mais abrangente. Esse desempenho se deve, em parte, à grande dependência de commodities da economia capixaba, e uma mudança de rumo requer uma conjugação de esforços.

A trajetória da economia capixaba revela a necessidade de transformações, algo que já está ocorrendo em diversos setores, até nas tradicionais atividades, como siderurgia, mineração, petróleo e gás, energia, agronegócio, celulose e comércio exterior.

Outros negócios, nativos digitais, também estão surgindo nos setores logísticos, no campo, no mercado financeiro, para contribuírem para essa revolução no mercado que vai exigir empreendedores mais conectados às novas demandas mundiais e também profissionais preparados para acompanhar as inovações pelas quais as empresas têm passado.

Economista e professor da UVV, Mário Vasconcelos diz que, historicamente, o PIB do Estado tem crescimento superior ao do país. Ele aponta que, no intervalo de 2002 a 2014, a média foi de 3,1% aqui, e de 2,5% no Brasil. Mas, diante de suas peculiaridades, a economia capixaba sofre também com as reveses no cenário internacional. “Com a crise mundial de 2008, isso se refletiu negativamente no Estado, e o nosso PIB caiu mais do que o brasileiro no ano seguinte (o desempenho foi de -6,9% e de -0,3%, respectivamente). Por isso, penso que precisamos diversificar a economia”, defende.

Em sua avaliação, ainda é necessário agregar mais valor às commodities, uma vez que o Brasil não é formador, mas tomador de preço. Para isso, o investimento em pesquisa é fundamental, tanto da iniciativa privada quanto do poder público. “Porque hoje a gente exporta o aço e importa o carro; exporta petróleo bruto e importa o refinado; exporta as placas de granito, em vez do produto beneficiado”, exemplifica Vasconcelos. Além disso, completa o professor, para os governos o desafio ainda passa por investimentos maciços em educação, ciência e tecnologia.

Para Luiz Paulo Vellozo Lucas, presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), falta ao Estado usufruir mais de suas características voltadas ao mercado externo. “Temos uma cultura de comércio exterior, e considero que, neste momento, é preciso apro veitar mais o seu ‘drive’ exportador. Temos material humano, empresariado acostumado a lidar com economia internacional, e tiramos pouco proveito, por exemplo, de exportações de produtos agrícolas in natura para os Estados Unidos e para a Europa. Temos potencial extraordinário.”

Hoje a gente exporta o aço e importa o carro; exporta petróleo bruto e importa o refinado
Mario Vasconcelos, economista

Na visão do presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Léo de Castro, o desenvolvimento passa indubitavelmente pelo planejamento. Assim, a entidade vem trabalhando no projeto Indústria 2035, como um instrumento para promoção de competitividade e crescimento do Estado. Com esse trabalho, a Findes identificou o que chamou de “Setores Portadores de Futuro”.

“Mapeamos 17 setores da economia capixaba que têm potencial de ganhar muita relevância nos próximos anos. Alguns que já existem, e outros não, como nanotecnologia. É preciso se organizar para atrair investimento. Há 10 anos, uma cidade de Goiás (Anápolis) fez isso e hoje é um dos maiores polos farmacêuticos do país. É preciso planejar e trabalhar para aquilo. Esse é o objetivo do trabalho, e vamos também entregar uma rota estratégica para cada setor sobre como chegar lá. É uma ação que vem sendo puxada pela Findes, mas é da sociedade e para o desenvolvimento do Estado”, sustenta Léo de Castro.

UMA NOVA ECONOMIA

Os setores econômicos capixabas em revolução ou em criação

Setores emergentes

Com malha industrial em estruturação ou constituindo-se a partir de novos paradigmas de interação, trazem em seu bojo grandes oportunidades e configuram-se como propulsores de novos modelos econômicos e de dinâmicas de desenvolvimento inovadores e sustentáveis para o Espírito Santo:

Biotecnologia;

Nanotecnologia.

Setores estruturais

São considerados pilares do desenvolvimento do Estado. Caracterizam-se por um maior encadeamento das atividades econômicas. Destacam-se como empregadores, pelo número de estabelecimentos e geração de riqueza no território. Podem se tornar ainda mais relevantes no futuro:

Agroalimentar;

Celulose e papel;

Confecção, têxtil e calçados;

Construção;

Economia criativa;

Economia do turismo e lazer;

Indústria do café;

Madeira e móveis;

Metalmecânico;

Petróleo e gás natural;

Rochas ornamentais.

Setores transversais

Impactam transversalmente os demais conjuntos de atividades econômicas. Caracterizam-se por serem indispensáveis para a competitividade e sustentabilidade da indústria. Influenciam os processos de planejamento, de produção, de distribuição e de consumo dos mais diversos setores:

Economia digital;

Energia;

Infraestrutura e logística;

Meio ambiente.


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