Saúde

Informatizar é a solução para a saúde

Tecnologia vai contribuir para reduzir as filas e o tempo de espera entre a marcação da consulta ou cirurgia e a execução, assim como para organizar as atividades nas unidades de saúde do Estado

Foto:Divulgação
Doctor working with laptop computer and writing on paperwork. Hospital background.

A informatização do Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos principais investimentos que serão realizados neste ano para melhoria do atendimento, destaca o secretário de Saúde do Estado, Nésio Fernandes. Segundo ele, o objetivo é pôr fim à grande desorganização que não permite identificar qual é a unidade de referência que atende cada população, cada território.

“Estamos no processo de revisão do perfil de cada hospital para poder garantir que as pessoas tenham seus problemas resolvidos mais próximo de casa, desde a atenção primária, que deve ser ligada à mesma rede de informação. A gestão de informação do itinerário do paciente é o primeiro item para fazer uma gestão organizada”, explicou.

Para Fernandes, com esse investimento será possível identificar quem ainda está na fila, quem já fez um determinado exame, quem ainda precisa de uma consulta ou então de uma cirurgia específica. “A não informatização impede esses atendimentos. Vamos investir muito nessa rede integrada para que conheçamos as filas e façamos uma organização da demanda e da oferta”, afirmou.

Em relação a situações dos prontos atendimentos que vivem lotados, Fernandes explicou que o Estado pode apoiar as prefeituras, responsáveis pelas unidades. Mas, segundo ele, “os municípios são autônomos”. O secretário destacou ainda que a proposta do atual governo é que o Estado não seja o executor de todos os serviços.

“O SUS precisa ser regionalizado e municipalizado. E o Estado precisa se ocupar com a atenção de alta complexidade e ser articulador de políticas estaduais”, frisou.

Em 2019, o orçamento autorizado para investimento na área da saúde é de R$ 2,59 bilhões, sendo que a projeção pode aumentar e alcançar o valor de R$ 2,8 bilhões. O montante equivale a uma faixa de 15% a 16,5% dos recursos do Estado. De acordo com o secretário, a margem histórica de investimento por ano é de 18% da receita estadual.

Desse modo, neste ano, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) vai investir parte desse recurso nos municípios. “Queremos que serviços hoje realizados na Capital sejam oferecidos via consórcios municipais e também nas próprias entidades filantrópicas do interior”, pontuou Fernandes.

O secretário destacou que a atual gestão estadual está ampliando e reformando vários hospitais. Está na pauta também a construção de duas novas unidades desse porte, em Cariacica e em São Mateus. A previsão é que a primeira fique pronta em 2020 e que as obras da segunda comecem no próximo ano.

“Estamos trabalhando na organização interna de vários hospitais do interior e vamos reorganizar tanto a infraestrutura quanto a referência dos hospitais. Vamos investir muito na rede de informação, integrando municípios e o Estado, além da questão do perfilamento do serviço de saúde, porque isso eleva a capacidade de oferta. Vamos garantir que os hospitais ganhem em especialização e em atendimento”, ressaltou Fernandes.

Filas

As longas filas nos prontos atendimento ocorrem porque a demanda é muito maior do que o SUS pode suportar, aponta o professor de Saúde Pública da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Adauto Emmerich. Por isso, diz, é preciso levar em conta, inclusive, a recessão econômica do país.

“Hoje são 13 milhões de pessoas desempregadas. Esses trabalhadores tinham planos de saúde; como não têm mais, migraram para o SUS. Esse processo aconteceu silenciosamente. O SUS atende bem, tem pessoas capacitadas, tem uma lógica de atendimento muito boa na ordem da saúde, da família, só que a demanda é muito grande”, explicou.

Para Emmerich, uma das dificuldades para promover uma atenção básica de qualidade é a desigualdade em relação aos municípios. “Se você for a um pronto atendimento em Vitória, vai ser de um jeito. Agora, se for a um município longe, vai ver de outro. Existem desigualdades dentro do SUS”, compara.

Professora doutora em Bioética da Faculdade de Direito de Vitória (FDV), Elda Bussinguer também defende a necessidade de investimento na atenção básica. “O SUS é fantástico, é uma potência e faz muito com pouco dinheiro. O Estado tinha que investir maciçamente na atenção básica. Os pacientes chegam aos hospitais porque os problemas de saúde básica não foram resolvidos. O cara chega com problema renal porque a diabetes dele não foi tratada, por exemplo”, pontuou.

PREFEITURAS AMPLIAM INVESTIMENTOS

A descentralização do SUS é um dos principais desafios apontados pelas prefeituras. Brejetuba, na Região Serrana, por exemplo, foi o segundo município capixaba que mais investiu na área da saúde, segundo a plataforma Cidades, do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCES), que divulgou os dados acumulados até outubro de 2018.

Apesar dos investimentos municipais, a cidade continua precisando de um centro de referência mais perto da região. “A dificuldade regional é bem pesada. O hospital mais próximo fica em Venda Nova do Imigrante, que é de média complexidade. Lá não tem UTI”, explicou a secretária de Saúde do município, Rita de Cássia Fontes.

Já em Iúna, na Região Sul do Estado, a expectativa para este ano é ampliar o atendimento nas unidades básicas de saúde para aumentar a cobertura. Para isso, a prefeitura, que também foi uma das que mais investiram na área no ano passado, pretende reformar os espaços já existentes e construir duas novas unidades, nos bairros Quilombo e Nossa Senhora da Penha. “Também vamos fazer a renovação da frota de veículos da saúde da família e no mobiliário e no aparelho de informática”, informou a secretária municipal de Saúde, Vanessa Adami, destacando que o investimento em 2018 ficou em 22,79% da receita.

Em Barra de São Francisco, na Região Noroeste, um dos empenhos tem sido avançar em tecnologia. “Investimos na informatização. Hoje a regulação municipal é toda informatizada. Antes o fluxo era apenas no Pavilhão. Hoje a porta de entrada para o SUS está localizada próximo ao cidadão, na unidade de referência dele”, apontou o secretário de Saúde, Ronan César Godoy da Costa.

“Os municípios têm um papel extraordinário no SUS: o cuidado básico. Se todo cidadão tiver um cuidado básico, ninguém fica doente. Também é preciso ter uma alimentação boa, acesso ao lazer, saúde; não é só medicalização. Saúde é ter condições de vida”, pontuou o professor de Saúde Pública da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Adauto Emmerich.


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