Educação

Empresário qualificado rende bons negócios

Empreendedores, assim como a mão de obra, precisam estar mais capacitados para deixar o ambiente profissional mais fértil e inovador

Foto:Pixabay

Se a educação básica precisa ser bem fundamentada para garantir bom desempenho dos jovens nas etapas futuras da vida, o ambiente de negócios também exige cada vez mais qualificação, e não apenas do funcionário, mas também do empreendedor.

Paulo Lacerda, superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) - uma entidade do Sistema Findes (Federação das Indústrias do Espírito Santo)- conta que, em 2017, foi feito um trabalho junto a 40 sindicatos filiados de vários setores industriais e um dos questionamentos apresentados foi sobre o desenvolvimento do empresário. “E a gente ouviu que ‘o que mais se precisa, menos se faz’”, lembra.

Lacerda ressalta que a entidade sabe da importância de o empresário se capacitar, buscar a formação executiva. E existe um movimento para garantir essa qualificação. “Estamos nos conectando para promover essa capacitação e despertar no empresariado o interesse, seja para participar de um seminário de 2 horas, seja para fazer uma pós-graduação no exterior”, destaca.

Mas, como se trata de um público específico, Lacerda observa que todas as ações precisam levar em consideração o perfil do grupo, principalmente em relação ao horário e ao tempo destinado para realizá-las. Por isso, uma das estratégias é atuar com a modalidade de Educação a Distância (EAD).

O superintendente do IEL diz que também é primordial trabalhar com cases de sucesso para demonstrar, na prática, resoluções de problemas, caminhos que podem ser trilhados e colocar a experiência em discussão.

Discutir o que passou de dificuldade para implantar uma técnica, uma ferramenta; falar de experiências de gestão. Ouvir de uma empresa do mesmo setor, do mesmo porte, o que funcionou para ela e pensar se, de repente, também se aplica na sua.

Para Lacerda, a qualificação eleva a empresa a outro patamar. “A pessoa sai para fazer um curso e volta. Pense na oxigenação que vai proporcionar à empresa! Ainda mais se trouxer algo que possa ser aplicado. Isso é muito importante porque, quando se implanta e as pessoas veem a mudança, a formação executiva ganha mais credibilidade.”

COMPETITIVIDADE

O cientista social Joilton Rosa, também professor de Sociologia, reforça a necessidade de qualificação, de uma boa formação educacional.

“Se tem uma coisa que, acredito, todos concordam é que cada vez mais vivemos um ambiente competitivo. Essa competitividade exige muito preparo, muita qualificação, muito treinamento, muita atenção e nada disso se consegue sem formação de qualidade. Não vejo alguém despontar no mundo dos negócios sem que esteja devidamente preparado para disputar espaço nesse ambiente competitivo, e nada pode preparar melhor para a batalha do que a educação”, ressalta.

Agora, para os níveis de exigência da atualidade, a preparação para o mercado vai além dos bancos escolares. Joilton cita como exemplo campanhas que sugerem que, para o indivíduo ter um diferencial, deve fazer um curso de inglês. Mas, se todos o fizerem, qual será a diferença? Por essa razão, ele defende que, sim, faça o curso do idioma, mas é fundamental também desenvolver outras habilidades. “O diferencial não passa só pela formação técnica, mas de atitudes que demonstrem valorização humana, social e ambiental. Isso faz parte da formação dos novos profissionais”, conclui.

DESIGUALDADES

Uma pesquisa da OCDE - “Um olhar sobre a Educação”, de 2017 - revela que, entre 40 países pesquisados, o Brasil é o que apresenta a maior diferença salarial (140%) entre pessoas com nível superior em comparação às que têm apenas ensino médio.

Mesmo os jovens que conseguem concluir a educação básica, nem sempre têm a oportunidade de fazer uma graduação. Nas públicas, pela concorrência; nas particulares, pelo custo. E ainda que o acesso lhes fosse garantido, aliar os estudos com o trabalho é um complicador.

“Podemos dizer que o problema não é falta de investimentos em educação. Mas, no Brasil, é altíssima a concentração de renda, que favorece demais as classes privilegiadas, que chegam ao nível superior em condições muito mais favoráveis”, argumenta Joilton Rosa, acrescentando que, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD),1% da população tem rendimento 36 vezes maior do que os 50% mais pobres do Brasil.

“É um abismo, um buraco sem fim. Mas eu digo uma coisa: apesar das dificuldades, não vejo outra saída que não seja a educação para melhoria da qualidade de vida das pessoas que, aliada a uma série de políticas públicas e sociais, eleva o nível do ensino e, ao mesmo tempo, reduz desigualdades e diferença de renda”.


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