Infraestrutura

Novas rotas se abrem no Espírito Santo

Investimentos vultosos em terminais vão dar mais competitividade ao complexo portuário capixaba tanto no Norte quanto no Sul do Estado

Foto:Pixabay

O sistema portuário capixaba também deu passos importantes nos últimos meses para tirar projetos do papel. O mais avançado é o do Porto da Imetame, em Barra do Riacho, no município de Aracruz, que terá profundidade de 16,5 metros, permitindo navios de maior porte.

Com sinal verde para iniciar a construção, que já conta com licença ambiental, a empresa estima que a operação do novo terminal de cargas possa ter início em 2021. Os três píeres do complexo portuário vão atender à indústria de petróleo, cargas gerais, granéis líquidos e sólidos, café, granito, entre outros produtos.

Também em Aracruz, a ampliação do Portocel, que é administrado pela Fibria, pretende tornar o terminal – que hoje atende a movimentação de celulose, mármore e granito, produtos siderúrgicos e outros – em um grande porto de negócios. A obra dará uma profundidade de 15 metros, capazes de receber navios de 366 metros de comprimento, superando o limite de 230 metros que vigoram atualmente por lá. A empresa não estima data, mas aguarda para o segundo semestre a emissão da licença ambiental.

Em São Mateus, a aposta é no megaporto de Petrocity, que foi repaginado e está sendo projetado pela Odebrecht, a primeira grande aposta da empreiteira após os escândalos da Operação Lava Jato. A proposta é que o complexo tenha quatro terminais, um destinado ao transporte de rochas ornamentais, outro focado no setor de óleo e gás, um terceiro para o embarque e desembarque de veículos e, por fim, outro terminal para o transporte de contêineres em geral. A expectativa é que as obras comecem em 2019 e sejam concluídas em 2021.

No Sul, há também o Porto Central, que será instalado em Presidente Kennedy. O projeto já conquistou o licenciamento ambiental. A obra deve envolver um investimento de mais de R$ 3 bilhões com contratação de 4,7 mil pessoas. Quando o terminal estiver em fase de operação, prevista para 2022, dois mil trabalhadores atuarão no local.

O Porto Central é um complexo industrial-portuário privado de águas profundas, capaz de colocar o Espírito Santo na rota dos maiores navios do mundo, com até 400 mil toneladas de capacidade.

PONTE AÉREA

Próximo das principais metrópoles brasileiras e apostando em uma política de incentivos mais atrativos, o Espírito Santo vem se consolidando como um polo de distribuição no Sudeste. Após a inauguração do novo terminal de passageiros do Aeroporto de Vitória, o antigo terminal será destinado apenas para o transporte de cargas. O novo horizonte despertou o interesse da indústria da zona franca de Manaus, que já conta com empresas se instalando no Estado.

A primeira a “inaugurar” a nova ponte aérea foi a Terca, que venceu uma licitação para armazenar os produtos de 500 empresas do polo industrial amazonense. Desde então, uma transportadora aérea já manifestou interesse em utilizar o centro de distribuição.

O presidente do Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Espírito Santo (Sincades), Idalberto Moro, explica que a “ponte” é bem vista para as empresas que trabalham com eletrônicos e outros produtos de alto valor agregado.

“Fazer uma operação de transporte aéreo de produtos mais valiosos é uma opção muito mais barata do que uma operação por terra, que exigiria um gasto maior com a segurança destes itens. Pela boa posição geográfica, o Estado tem atraído essas empresas. O Espírito Santo já recebe um voo cargueiro internacional, que vem de Miami, e há operações internas também, com destino para São Paulo. Não é mais um Estado com potencial, é uma realidade e este modal está em franco crescimento”, conta.

E-COMMERCE

Outro fator que amplia as possibilidades desta “nova rota” é o crescimento do e-commerce, o comércio digital, que exige uma distribuição mais rápida no Sudeste, onde há um maior fluxo de consumo. Para Idalberto, a demanda é tão grande que o Espírito Santo já conta com uma oferta reprimida de galpões.

“A convalidação dos incentivos fiscais gerou um aumento da vinda de empresas para cá. Hoje são em torno de 700 só do setor atacadista e falta galpão para tanta empresa interessada. Há uma urgência para a construção de novos centros. A Serra tem liderado este movimento, com o maior número de empresas logísticas. Cariacica e Viana também tem crescido neste setor. Claro que precisamos ter um porto que permita receber navios maiores e que a duplicação das BRs 101 e 262 tenha continuidade. É um problema, claro, mas é algo que, na visão do mercado, deve ser resolvido nos próximos dois anos”, pontua.


Compartilhe