Inovação

Boas ideias transformadas em lucratividade

Número de pessoas que desempenham atividades criativas no Estado cresceu 6,3% no primeiro trimestre de 2018

Foto:Fernando Madeira
Produção artesanal com palha de café

O número de pessoas ocupadas em atividades criativas no Espírito Santo no primeiro trimestre deste ano foi estimado em 150,8 mil trabalhadores, representando um aumento de 6,3% em relação ao mesmo período de 2017, segundo dados do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).

A quantidade de pessoas equivale a 8,2% do total de trabalhadores no Estado, o que coloca o Espírito Santo em 15º lugar no ranking nacional. Embora ainda não seja uma posição de destaque, o “mercado criativo” capixaba ganhou duas colocações na comparação com o trimestre anterior. O melhor desempenho continua a ser do Rio de Janeiro, com 11,5%.

Na avaliação de Romário de Araújo, presidente do Conselho Temático de Economia Criativa da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), o Estado tem condições de avançar mais no segmento. “Temos um posicionamento privilegiado em relação a outros Estados, e com setores ainda virgens, potencialmente capazes de desenvolver projetos de grande importância, nas áreas de cinema, turismo, gastronomia, artesanato”, pontuou.

Para obter as condições necessárias ao desenvolvimento da economia criativa, Araújo sustenta que é preciso vontade política, amadurecimento para a realização dessas atividades, com capacitação e treinamento, e a criação de um ambiente criativo, com polos de inovação.

Precisamos criar uma ambiência, colocar à mesa todos os atores e fazer um projeto focado. Não é esforço de uma ou duas entidades, tem que ser de todos.
Romário de Araújo, presidente do Conselho Temático de Economia Criativa da Findes

Na Findes, segundo Araújo, a proposta é tentar estimular e desenvolver as indústrias que têm por base a economia criativa, tanto no capital intelectual quanto na criatividade. A princípio, o foco tem sido nas áreas de design, audiovisual e games.

No audiovisual, ele conta, a entidade está trabalhando com parceiros que têm alguma afinidade com economia criativa para estruturar polos pelo Estado, como os de cinema - uma indústria que atrai outras tantas atividades criativas.

Foto:Genildo

Os games, por sua vez, são usados em processos diários das empresas. Trata-se da gamificação, uma estratégia que utiliza-se de jogos e suas dinâmicas para tornar procedimentos nas empresas mais lúdicos e o ambiente de trabalho mais relaxado.

Já o design é considerado insumo fundamental para a indústria dos diversos setores, tais quais moveleiro e têxtil, cujos produtos precisam de inovação permanente.

A nova indústria que está por surgir tem seu alicerce na inovação e seu início no campo da criação. Mas, ressalta Araújo, não é atividade exclusiva de um grupo de iluminados.

“Todo mundo é criativo. O que procuramos fazer é jogar luz em cima de atividades que sempre estiveram nos bastidores para que deixem de ser coadjuvantes. É preciso ter um olhar fora da caixa”.

Um mapeamento apresentado em 2017 revelou que a indústria criativa no Espírito Santo era formada, em 2015, por 1.330 empresas e 10.142 profissionais, o equivalente a 1,5% e 1,1%, respectivamente, de toda a economia capixaba. Em comparação a 2010, a quantidade de empresas dos setores criativos no Estado cresceu 24,1% e a de trabalhadores, 14,7%. Essas taxas são superiores às registradas pela economia tradicional, de 14,9% e 7,4%, nesta ordem. E a tendência continua a ser de crescimento.

PROTAGONISTAS DA PRÓPRIA CARREIRA

Trilhar um caminho por conta própria foi a opção de 39,6% dos profissionais que começaram a trabalhar com atividades da economia criativa no primeiro trimestre deste ano. É o que indicam pesquisas do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), revelando ainda que a maioria (27,6%) está na faixa dos 30 aos 39 anos.

Para quem está procurando empreender nesse setor, o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) tem sido uma alternativa, com a oferta de linhas de crédito atrativas.

 

Temos feito um trabalho significativo na área. Já temos excelência na área rural e, procurando diversificar a nossa carteira, encontramos na economia criativa um grande nicho de mercado. Estamos atuando fortemente para que continue a crescer no Espírito Santo.
Aroldo Natal, diretor-presidente do Bandes

O Bandes aplicou, em 2017, cerca de R$ 16 milhões na economia criativa e, para este ano, a estimativa é aumentar o aporte e passar a R$ 25 milhões. “Oferecemos linhas com boas taxas de juros e temos alguns pré-requisitos que permitem vantagens ainda maiores para este segmento, como o financiamento de 100% dos investimentos. Além disso, temos dado uma carência um pouco maior (18 meses) e prazo de pagamento de 48 meses”, relacionou Natal.

O presidente do banco falou ainda que não existe teto para as linhas de crédito e o atendimento é para todo o perfil de empreendedor. “Desde o pequeno, que quer desenvolver o seu produto, criar alguma coisa, até os maiores. E isso passa por áreas como o audiovisual, artesanato, gastronomia. É uma linha que atinge um mercado bem amplo e todos os tamanhos de empreendimentos”, ressaltou.

Natal disse também que o Bandes tem a oferta de linhas nos 78 municípios capixabas e cada um tem sua particularidade. “Nas montanhas, artesanato, produtos ligados ao campo; na Grande Vitória, já são outros segmentos. Mas atuamos em todas as cidades e nas mais variadas áreas da economia criativa.”

Aroldo Natal observa o crescimento de atividades criativas no Estado e destaca o fato de ser um setor que gera bastante emprego, inclusive no ambiente familiar. Para ele, é uma mola propulsora de desenvolvimento econômico para o Espírito Santo e para as pessoas.

Nos municípios, acrescenta o consultor Antonio Fernando Doria Porto, da AD Consult Soluções Corporativas, a base é a cultura local, no sentido amplo da palavra, e é preciso inovação porque criatividade existe “desde que o mundo é mundo”.

 “O que tem de novo na economia criativa é a perspectiva de criar coisas que tenham mercado. Se criar e não tiver mercado, é só uma boa ideia, mas economicamente não acontece nada”, finaliza.

 

Foto:Genildo

Compartilhe