Saúde

Qualidade de vida atrai indústria 4.0

Saúde é um dos fatores cruciais para atrair mão de obra qualificada e também para influenciar a decisão das empresas em investir num novo negócio

Para gestores de primeira viagem, muitas vezes as preocupações com a saúde pública e a economia de um município podem parecer elementos bem distintos um do outro. Mas, ao longo de nossa história recente, é possível analisar como as duas pastas precisam estar interligadas.

A chegada de um novo empreendimento em uma cidade vai muito além da geração de empregos e do aumento na arrecadação. A depender do volume de investimento, uma grande empresa pode mudar não só a economia de um município, como a organização social e o desenvolvimento humano de um local.

No Espírito Santo, algumas empresas se tornaram símbolo do desenvolvimento do Estado, gerando progresso para algumas cidades. A chegada da Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST) – atualmente ArcelorMittal Tubarão – na década de 1970 na parte norte de Vitória, talvez seja um dos maiores exemplos locais da mudança que um empreendimento pode causar. Mas, junto com ele, trabalhadores ociosos de outras regiões são atraídos para essas cidades em busca de emprego, o que pode desencadear problemas habitacionais e déficit de vagas em unidades de saúde e escolas.

Foto:Genildo

Além disso, setores que exigem muita mão de obra – como a construção civil, por exemplo – precisam contar com a saúde de seus trabalhadores, seja em atendimentos emergenciais ou na prevenção de doenças. Por isso, a decisão de investir em algum lugar, além da análise da infraestrutura, incentivos fiscais e posição geográfica, tem levado executivos a se preocupar também com a gestão da saúde nestas regiões.

Dona da maior receita do Estado, Vitória larga na frente quando o assunto é investimentos em saúde. Foi o município que mais investiu neste quesito: R$ 198,637 milhões, valor que representa 18% dos

R$ 1,5 bilhão que entrou nos cofres municipais. A cidade está em primeiro lugar no Índice de Ambiente de Negócios, na categoria Saúde.

Além de buscar atender os moradores de menor renda, o investimento também busca impulsionar os índices de qualidade de vida da capital, um dos quesitos mais importantes para atrair profissionais da chamada indústria 4.0, focada no setor de tecnologia.

E foi na tecnologia mesmo que a gestão do município foi buscar modernizar seu atendimento. Por meio de um sistema on-line chamado Confirma Vitória, a prefeitura digitalizou o serviço de cancelamentos e confirmação de consultas, uma medida que diminuiu em 21% o percentual de faltas. Além disso, por torpedos SMS, os moradores também podem avaliar o atendimento na saúde.

Sem dúvida, ter uma rede de atenção básica, onde as pessoas possam confiar para agendar consultas e fazer alguns exames é fundamental para atrair os melhores profissionais do Estado. Vitória tem se destacado nesse sentido, de ser uma capital inteligente, buscando uma forma cada vez mais organizada para prestar esses serviços.
Catia Lisboa, secretária de Saúde do município

Município mais populoso do Espírito Santo desde 2013, a Serra, mesmo com a maior demanda por serviços básicos, tem conseguido ficar à frente de outras cidades quando o assunto é saúde. Com o segundo maior investimento na pasta no Estado - em 2017 foram R$ 146,2 milhões destinados à saúde - a Serra é também a cidade que colocou a maior parte de sua receita nesta área. Foram 21,88% do que os cofres municipais arrecadaram dedicados ao setor.

Os recursos foram aplicados na construção e reforma das unidades de saúde. Foram cinco postinhos inaugurados e outros dez que receberam melhorias em sua estrutura. Única cidade com duas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), a terceira já está em construção em Castelândia e deve ficar pronta em julho de 2019.

Para o prefeito, Audifax Barcelos, quanto melhor o desempenho em quesitos básicos, como saúde, segurança e educação, maior a possibilidade de atrair mão de obra qualificada e, consequentemente, mais empresas para investir na cidade.

Manter isso não é fácil. Quando assumi pela primeira vez, há dez anos, a Serra tinha 120 mil habitantes. Hoje já são 502 mil. Nosso número de habitantes deu um salto, mas nossa arrecadação, no entanto, é quase a mesma de dez anos atrás. Mesmo assim, nossa meta é aumentar ainda mais e conseguir colocar entre 23% e 25% da nossa receita na Saúde.
Audifax Barcelos, prefeito da Serra

A aposta do município para dar conta da maior população do Espírito Santo é a informatização da distribuição de remédios e na marcação de consultas. Aos médicos foi oferecida a possibilidade de aumentarem sua carga horária, com o objetivo de diminuir o tempo de espera por atendimento e, no futuro, aumentar a oferta de consultas aos sábados.

Em 2018, o município também aprovou uma lei para ampliar as equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF), com 213 profissionais de saúde atuando nos bairros, a fim de evitar grandes aglomerações nas Upas.


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